A pandemia do novo coronavírus despertou num grupo de psicólogos de Salvador o desejo de tornar o cenário de quarentena forçada menos pesado. Àqueles que têm sofrido com o isolamento social, há a possibilidade de entrar em contato com um dos 12 profissionais – todos formados pela Escola Bahiana de Medicina (EBMSP) – e, por até 30 minutos, desabafar as aflições.
O contato é feito, a princípio, via WhatsApp [ver números em card abaixo] e, posteriormente, chamada de áudio ou vídeo. Cada pessoa tem o atendimento limitado a três sessões de acolhimento que, por ora, estão autorizadas até 30 de abril – data estabelecida pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), a quem o grupo precisou consultar.
Em pouco mais de 24 horas, desde o início do sábado (21), a equipe prestou 13 atendimentos e 30 outras pessoas estão com horários agendados, afirma a psicóloga clínica Catharine Rosas, uma das profissionais envolvidas. Segundo ela, um dos pontos do Código de Ética da Psicologia defende a prestação de serviço profissional em situações de “calamidade pública” como um dos deveres fundamentais do psicólogo.
Ao bahia.ba, ela explica ainda que o Acolhimento Psicológico, que é uma prática diferente da Psicoterapia, tem a ver com a escuta. É uma intervenção psicológica pontual e breve, diz ela, que tem o objetivo de incentivar o indivíduo a buscar recursos pessoais que o façam lidar de uma forma melhor com o cenário pandêmico.
“A gente parou, mas não foi por vontade própria. Paramos pela obrigação, pela emergência e gravidade da situação. Paramos pelo outro e pelo bem comum. No entanto, estamos acostumados a funcionar de forma acelerada”, diz, em nome da equipe – cujo seis dos profissionais já trabalhavam juntos.
A psicóloga comenta ainda que, o fato do isolamento não ter acontecido de modo voluntário, mas em meio à orientação do Ministério da Saúde, além de decretos estaduais e municipais, potencializa o que chama de “consequências psicológicas”, em maior ou menor intensidade. Embora ainda não haja registro de mortos, o número de casos na capital subiu para 33, de um total de 55 infectados na Bahia.
“Nossa intenção é oferecer acolhimento e escuta qualificada àqueles que precisam. Estamos reclusos, nos ocupamos consumindo conteúdo informativo e, por vezes, fake News a respeito do Covid-19. O que causar terror, agressividade, medo excessivo, estresse, ansiedade e angústia. Estamos diante do incerto”, reflete.
E em uma sociedade de “respostas instantâneas”, onde a velocidade é o princípio que rege a humanidade, continua a psicóloga, o primeiro impacto é a dificuldade que cada um encontra de “desacelerar”.
Via:Bahia.ba