Por:Júlio Mascarenhas
O último domingo de maio (31) foi marcado por manifestações em vários pontos do Brasil, notadamente em São Paulo e Rio de Janeiro. Integrantes de torcidas de futebol e outros cidadãos — antifascistas e críticos do governo Jair Bolsonaro — foram às ruas para defender a democracia, onde houve embates com partidários do governo e policiais militares, com registro de episódios de violência.
Os senadores comentaram os acontecimentos nas redes sociais. Para diversos parlamentares, as manifestações foram a favor da democracia e contra a ameaça de fascismo, pois consideram existir um viés autoritário no governo.
“Nós temos de um lado manifestantes enrolados em bandeiras neonazistas da Ucrânia, do outro lado aqueles que pedem DEMOCRACIA. Se omitir é aceitar calado. Escolha seu lado. O governo genocida está desmoronando”, disse via Twitter o senador Humberto Costa (PT-PE).
O senador Jean Paul Prates (PT-RN) criticou a marcha realizada na noite de sábado (30) pelo grupo de apoiadores de Bolsonaro denominado 300 do Brasil, liderados por Sara Giromini, conhecida como Sara Winter, que foi alvo de busca e apreensão, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
“O domingo em que beiramos 30 mil mortes pelo coronavírus é o mesmo em que conhecemos manifestação, na noite anterior em Brasilia, espelhada nos atos da Ku Klux Klan e no qual também vemos manifestantes pedindo democracia nas ruas de várias capitais e enfrentamentos com a polícia. No mesmo domingo, tomamos conhecimento de que ministros do STF já comparam o Brasil à Alemanha da 1ª metade dos anos 30, e Bolsonaro usa o helicóptero da Presidência para acenar a meia dúzia de apoiadores, seguindo-se um passeio seu a cavalo. Precisamos pensar no futuro desse país”, tuitou.
Violência
Para o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que é defensor do governo, a violência dos manifestantes, acusados de carregar armas e espancar opositores, é que deveria ser considerada autoritária e fascista. Segundo disse, por sete domingos seguidos em todo o país a polícia não precisou conter violência de manifestantes governistas, em passeatas consideradas pacíficas. Enquanto isso, interpretou ele, no ato pró-democracia houve violência e vandalismo.
‘“Os fascistas do futuro chamarão a si mesmos de antifascistas.” Os terroristas de torcidas organizadas que chegaram gritando ‘democracia’ desprezam a democracia, não aceitaram o resultado das urnas até agora. Querem um 3º turno. #Somos57MILHOES’, disse Flávio.
O senador Major Olímpio (PSL-SP) deu entrevista à imprensa na qual observou que, na manifestação, havia um chamamento, um interesse de enfrentamento com a polícia militar, comprovado por áudios compartilhados entre os membros das torcidas organizadas. Nas passeatas pró-governo, disse, não houve atuação da polícia.
“Diferente do que acontece todos os domingos, hoje houve uma ação orquestrada, buscando violência!”, tuitou.
Ele também elogiou a postura dos policiais que dispersaram os manifestantes. Os dois lados, segundo a imprensa, entraram em conflito supostamente por causa de uma bandeira da Ucrânia. “Parabéns à polícia na Paulista. Como eu sempre digo e aprendi sendo PM: bandido de direita ou bandido de esquerda tem que ser tratado como bandido. Cassetete, bala e bomba!”.
Ponderação
Houve ainda senadores que fizeram um apelo pela moderação e pelo bom senso, para que não se adote no Congresso uma postura de confronto num momento tão delicado.
“Quando a tolerância se esvai e o antagonismo ocupa seu espaço, algo está errado. Essa polarização extrema coloca, sim, a Democracia em perigo e nós, Senadores, devemos manter a serenidade. Não é o momento de esticar a corda”, defendeu o senador Plínio Valério (PSDB-AM).
No mesmo tom o senador Eduardo Braga (MDB-AM) citou a necessidade de diálogo.
“Num momento político conturbado, a violência é sempre o pior caminho. Radicalismo e intolerância se combatem com diálogo, firmeza e responsabilidade. #DemocraciaHojeeSempre”
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) criticou a aglomeração dos manifestantes, contrária à recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) que pede o distanciamento social para diminuir a infecção pelo coronavírus.
“Não faz sentido criticar manifestações ou aglomerações pró-Bolsonaro e aplaudir as que são contra. O momento, ainda na curva crescente da Covid, desaconselha qualquer reunião de massa. Também é incoerente condenar falas violentas e ignorar ações violentas. Ambas merecem repúdio”, disse.
Fascismo
Segundo o dicionário Michaelis, fascismo é um sistema ou regime político e filosófico, antiliberal, imperialista e antidemocrático, centrado em um governo de caráter autoritário, representado por um partido único e pela figura de um ditador, fundado na ideologia de exaltação dos valores da raça e da nação, como o estabelecido na Itália em 1922 por Benito Mussolini (1883-1945), cujo símbolo era o fascio, isto é, um feixe de varas usado por agentes da justiça na Roma antiga.
Fonte: Agência Senado