A facção do Comando Vermelho (CV) tem um novo foco de ataque na Bahia: a Ilha de Itaparica, que compreende os municípios de Itaparica e Vera Cruz. O grupo, que já tinha presença no local, agora tenta consolidar o domínio do tráfico de drogas na região que, até o momento, era fatiada com a facção do Bonde do Maluco (BDM). A reportagem teve acesso a vídeos em que um bonde – grupo de homens armados – do CV chega à ilha de Jiribatuba e anuncia a ocupação da área.
“Olha aí, estamos invadindo Jiribatuba aí. O terror é eu, o terror é nós. ‘Tá 2’ é do comando, os parceiros vão descer aí”, fala um integrante do CV enquanto o grupo ocupava Jiribatuba durante uma madrugada dos últimos dias. Não é possível detalhar o dia da chegada do grupo à ilha, mas, em seguida e já pela manhã, o mesmo homem grava outro vídeo para confirmar o domínio da facção no local. “Achando que é brincadeira? Olha a quantidade de homem lá embaixo”, completa o suspeito.
De acordo com uma fonte da polícia, o movimento para domínio da ilha tem mobilizado a facção como um todo, que reduziu ataques em Salvador. “Até pensaram que o CV estava envolvido na guerra em Fazenda Coutos, mas eles não estão lá. O foco todo da organização nesse momento é o domínio da região de Ilha de Itaparica. São muitos homens presentes na área e fortemente armados para expulsar o BDM, que tinha atuação forte por lá”, explica o policial, sem se identificar.
Moradores procurados pela reportagem temem falar sobre o assunto, mas confirmam que há um avanço do CV na ilha. “Começou por Aratuba e Berlinque, mas se espalhou logo e estão tambem agora em Jiribatuba. O clima aqui está tenso, sem saber o que significa essa guerra entre eles e como pode afetar quem mora e não tem nada a ver com isso”, fala um morador, que prefere não se identificar por medo de represálias de criminosos.
Apesar do avanço do grupo, o BDM ainda está em outras partes da Ilha de Itaparica, como Mar Grande. No entanto, os ataques do CV não devem parar. “Está rolando nos grupos mensagens deles [integrantes do CV] que é questão de tempo pegar tudo aqui na ilha e não deixar ninguém do BDM”, relata uma moradora, que também prefere preservar o anonimato no relato. Correio da Bahia