Por: Joyce Ribeiro, do R7, e Ingrid Navarro, da Agência Record

O menino que morreu após ter sido atacado por seis cahorros no Jabaquara, zona sul de São Paulo, era Luis Fernando Teixeira Santana, de 9 anos. O garoto foi buscar a pipa em um terreno na avenida Rodrigues Montemor, 100, e se deparou com os animais por volta das 15h20 desta quarta-feira (25). Um homem também ficou ferido após tentar salvar a criança.

A mãe de Luis, Rita de Cássia, conta que o filho “não chegou a almoçar e tomou um refrigerante, ele passou do meu lado com a sacola de pipa”. Depois, ela não viu mais o garoto com vida.

Luis Fernando era o caçula de 5 irmãs e iria realizar um sonho: conhecer o Rio de Janeiro. “Se eu sonhava que ele vinha para cá [terreno], eu não ia deixar porque eu nunca deixava ele sair sozinho”, revelou a mãe. 

Ele estava acompanhado de amigos ao pular o muro, que é baixo, mas não conseguiu voltar como as outras crianças. Os animais teriam arrastado Luis. O terreno também não apresenta placa com sinalização de animal feroz.

Moradores gritaram e jogaram pedras nos animais, mas não foi possível socorrer o garoto. A mãe Rita de Cássia cobra explicações: “eu quero justiça. Cadê o dono do terreno? Cadê o dono dos cachorros?”.

O caso foi registrado como morte suspeita no 16º Distrito Policial (Vila Clementino), mas será investigado pelo 35º DP (Jabaquara). Diligências são realizadas para localização do proprietário do terreno. Além disso, a Polícia Civil solicitou exame para avaliar se houve maus-tratos aos animais e apura eventual omissão de cautela na guarda dos cães.

O caso

De acordo com a Polícia Militar, Luis Fernando pulou o muro para tentar pegar uma pipa que caiu em um terreno baldio, próximo a uma feira livre. No local viviam seis cachorros – quatro pitbulls, um rottweiler e um vira-lata – todos de grande porte, que eram usados para segurança. Ainda segundo a PM, um segurança ia duas vezes por semana ao local para dar água e comida para os cães.

No momento em que o menino entrou no terreno, foi atacado pelos cachorros. Um homem, de prenome Edilson, de 20 anos, tentou salvar a criança, mas também foi atacado pelos animais. Ele foi mordido nas pernas e não conseguiu socorrer o menino.

Edilson foi levado pelos bombeiros para o Hospital Municipal Dr Arthur Ribeiro de Sabóia, onde foi encaminhado para a sala de sutura, tomou vacina antitetânica e foi liberado em seguida.

A Polícia Militar foi acionada. Quando os policiais chegaram, conseguiram entrar pelo portão principal do terreno. No momento em que a equipe entrou, a criança ainda estava sendo atacada pelos cães.

Os policiais, então, atiraram em direção aos cachorros e um foi atingido. Os outros cães se assustaram com o barulho dos disparos e correram em direção às baias, no fundo do terreno.

Logo em seguida, quatro equipes do Corpo de Bombeiros e o helicóptero Águia da Polícia Militar chegaram e tentaram reanimar o garoto. Naquele momento, os cachorros novamente foram em direção às equipes para atacá-los e os policiais militares atiraram novamente. Ao todo, três cães morreram e um ficou ferido.

O menino teve o corpo todo mordido, principalmente a cabeça, e morreu no local. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal e já foi liberado. O velório de Luis Fernando está previsto para começar às 13h desta quinta-feira (26), no Cemitério de Campo Grande, na zona sul de São Paulo. O sepultamento será no mesmo local.

Cães 

A DVZ (Diretoria de Divisão de Vigilância de Zoonoses) mobilizou uma equipe composta pelo diretor da unidade, três agentes de zoonoses e três veterinários para resgatar os animais nesta quarta-feira (25).

O órgão fica responsável pelo atendimento à saúde dos cães e poderá autuar o proprietário por maus-tratos. A equipe vai também acionar a delegacia de proteção de crime contra os animais. Todos os cães estão em procedimento de chipagem.

Os três cachorros sobreviventes foram removidos. Um deles tem um ferimento na pata e foi encaminhado para o Hospital Público Veterinário da zona leste, mas não corre risco de morte. Os outros dois cães estão em tratamento na DVZ. Eles passaram bem a noite e foram medicados. 

O recolhimento de cães pela Divisão de Vigilância em Zoonoses segue o disposto na Lei Municipal 15023/09. É realizado quando os animais são encontrados soltos em vias públicas nos casos de agressão, ou apresentam risco à saúde humana, invasão comprovada a instituições públicas ou locais em situação de risco, bem como nos casos de animais em estado de sofrimento.

Via:.r7