Um evento na sede da Secretaria Municipal de Gestão (Semge), na tarde desta segunda-feira (11), consolidou o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) entre a Prefeitura de Salvador e Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV). A iniciativa vai implementar algumas ações conjuntas para mitigar as consequências humanitárias da violência armada sobre profissionais dos serviços públicos essenciais da Prefeitura e a população assistida, por meio do Programa Acesso Mais Seguro (AMS).
A iniciativa prevê o desenvolvimento e reforço de capacidades do município para análise de contexto, gestão de risco, gestão de crise, comportamentos mais seguros e gestão de estresse. Até a próxima quinta-feira, servidores das secretarias municipais da Saúde (SMS); da Educação (Smed), de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre) e de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ), além de prepostos do CICV, participarão de encontros no auditório da Semge. Na ocasião, as Oficinas do Grupo de Tomada de Decisão (GTD) vão auxiliar no treinamento e preparação dos profissionais para implementar o AMS no dia a dia das unidades, de forma que eles estejam aptos a replicar os conhecimentos para os demais membros de suas unidades.
Nesta terça-feira (12), das 10h30 às 17h30, acontece a atualização com Facilitadores e Oficina da plataforma – Pontos Focais, Grupo de Suporte/Facilitadores, NTI. Já na quarta-feira (13), das 9h às 17h30, acontece a Oficina AMS com facilitadores e grupo de suporte e também membros dos grupos de tomada de decisão. Já na quinta-feira (14), das 9h às 12h, acontece uma reunião pós-oficina, onde os facilitadores, grupo de suporte e NTI discutirão os pontos focais, fechando o ciclo de encontros.
Enfrentamento – O secretário de Gestão, Rodrigo Alves, afirmou que essa parceria entre a Prefeitura e a Cruz Vermelha deverá suprir essa necessidade de existir procedimentos padronizados para que os servidores saibam como atuar em situações de risco. “Esse programa é um exemplo, a Prefeitura agiu com maturidade, identificando um problema, buscando uma solução de gestão, os melhores parceiros, construindo essa solução de forma dialogada, e agora entramos na fase de treinamento dos gestores para implementação em unidades que estão em contato direto com o cidadão, como a escola, posto de saúde e unidades de acolhimento”.
Para o gestor da Sempre, Júnior Magalhães, esse programa de fato chega em um momento importante para a cidade, onde há uma descentralização cada vez maior dos serviços, mais próximos da comunidade, com busca ativa nas localidades. “Então, é importante se criar protocolos, treinamentos, capacitações para que, em casos de violência, as equipes estejam preparadas, capacitadas e, caso aconteça, saibam como proceder, quem procurar. Esse programa já foi testado em diversos locais do mundo e não tenho dúvida que será um sucesso em Salvador, com comprometimento das secretarias”.
A secretária da SPMJ, Fernanda Lordêlo, lembrou que, como a cidade tem três equipamentos de proteção à mulher, ter esse espaço preservado para saber recepcionar e lidar com situações adversas será fundamental. “A gente tem um especialista que nos traz metodologias que vão nos auxiliar a mapear e aplicar de forma segura o serviço nos nossos equipamentos”.
Representando a SMS, o enfermeiro e assessor técnico da Diretoria de Atenção Primária à Saúde, Abdon Brito, contou que o programa visualiza, sobretudo na
Saúde, instrumentalizar os servidores para mitigar as consequências da violência. “Quando você tem um território de violência, as consultas de profissionais são reduzidas, atendimentos domiciliares são suspensos, procedimentos clínicos também, turnos reduzidos, fechamento de um serviço essencial, então quando você cria um programa que instrumentaliza e operacionaliza os trabalhadores e os qualifica, ajuda a mitigar as consequências que a violência traz para os nossos serviços. Temos muitas unidades em territórios de alta vulnerabilidade e o programa pode ser mais uma estratégia de enfrentamento à violência em Salvador”.
Expectativa – A assessora da gerência de Estratégia da Smed, Viviane Lima, faz o acompanhamento de projetos especiais na Educação e se mostrou animada com a implementação do AMS na cidade. “Temos várias escolas em áreas de vulnerabilidade e a gente já teve situações de crianças sem aula, então isso vai trazer mais segurança para os nossos profissionais e alunos em estado de vulnerabilidade. A maioria das nossas escolas se concentra nessas regiões, então, para nós, o Acesso Mais Seguro será fundamental para uma segurança maior, com os professores e agentes mais preparados nas instituições, podendo tomar decisões quando necessário, de forma rápida, evitando maiores circunstâncias”.
A coordenadora do Programa AMS do CICV, Karen Cerqueira, acredita que Salvador será um grande exemplo porque já tem demonstrado, desde as primeiras reuniões e visitas nas escolas, uma grande capacidade de organização e sistematização a respeito do tema. “Esse é um dos diferenciais, a junção de todas as secretarias. Ainda nesta semana daremos início ao processo de implementação com um trabalho bem árduo até o final do ano e fico muito feliz de como tem sido o andar do Acesso Mais Seguro no município”, concluiu.
Reportagem: Ana Virgínia Vilalva/Secom PMS