No intuito de fortalecer a atuação das cooperativas de catadores de materiais recicláveis da Bahia, a Secretaria do Meio Ambiente (Sema) participou, nesta quinta-feira (21), da oficina Desafios e Prioridades da Cadeia Produtiva da Reciclagem. O evento faz parte do projeto Governança no Reciclar, uma iniciativa do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), e abordou temas como a melhoria da infraestrutura de coleta seletiva, acesso a tecnologias de reciclagem, capacitação dos catadores e catadoras, assim como a promoção de políticas públicas mais inclusivas.
Destinado aos associados de 15 cooperativas de catadores, a oficina contou, também, com a participação de representantes de empresas, universidades, instituições financeiras e órgãos governamentais. “O objetivo de participar destas iniciativas é de somar esforços, reunir todos os parceiros potenciais para a construção de um modelo mais sustentável e inclusivo de gestão de resíduos sólidos, por meio de incentivos e valorização dos catadores e catadoras. Essa qualificação para as cooperativas representa um avanço na pauta, pois objetiva inseri-las na economia circular de forma técnica e assertiva”, pontuou a diretora de Políticas e Planejamento Ambiental da Sema, Luana Pimentel.
A gestora destacou, ainda, que o governo estadual tem concentrado esforços conjuntos através do Comitê de Inclusão Socioprodutiva de Catadoras e Catadores, coordenando pela Casa Civil: “a Sema já atua em projetos de apoio aos trabalhos realizados pelas cooperativas em festas populares, junto a Setre [Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia], além do planejamento e ações para essa categoria nas áreas de educação ambiental, pagamento por serviços ambientais e na logística reversa”.
O projeto de qualificação terá investimento total de R$ 100 mil, oriundos de edital do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi). Trata-se de uma colaboração entre a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
A coordenadora de negócios do IEL, Sandra Pasta, explicou que, nesta primeira etapa, serão feitas dinâmicas de escuta para colher quais as principais demandas dos catadores e recicladores: “é um projeto que tem duração de 12 meses e visa contribuir para a melhoria da gestão empresarial das cooperativas de materiais recicláveis. Então, este é um momento em que os cooperados e demais participantes expõem as maiores dificuldades, obstáculos logísticos e de gestão, enfrentados durante suas rotinas”.
Referência entre as catadoras de recicláveis, Michele Almeida, presidente da cooperativa Camapet, falou sobre as expectativas da categoria: “esperamos melhorar nossos conhecimentos, uma das preocupações da gente é em relação à cadeia produtiva, ter o local para destinação correta do material. Também queremos fazer mais educação ambiental nos nossos bairros e escolas para que as pessoas tenham a ciência de que isso não é lixo, de que isso é um material reciclável, que é uma renda para pais e mães de família”.
O coordenador executivo do Centro de Arte e Meio Ambiente (Cama), Joilson Santana, destacou a importância da iniciativa para elevar a competitividade e renda do setor: “hoje, estamos iniciando uma parceria inédita entre as organizações não governamentais, o Cama, as cooperativas e a indústria aqui do estado. Uma oportunidade para fomentar a organização desses empreendimentos, a fim de garantir avanços, de maneira a incluir economicamente os catadores”.
Ao final da atividade, foram elencadas prioridades, como o fortalecimento de parcerias e a implementação de programas de capacitação continuada para os catadores. De acordo com Jeane Santos, representante do Movimento Nacional dos Catadores, a categoria luta por essas melhorias como um projeto de formação permanente.
“Estamos aqui ocupando espaços de negócios e de decisões, locais que não participávamos antes. Agradecer a parceria de todos os entes presentes, como a Fieb [Federação das Indústrias do Estado da Bahia], a Sema e empresas, e dizer que nossa meta é que todas as cooperativas alcancem a autossuficiência de sua gestão”, afirmou Jeane.
Fonte: Ascom/Inema